sábado, setembro 23, 2006

70) Registro de "porta-malas"

Trecho de uma matéria da Veja, edição 1975, 27 de setembro de 2006

O guarda-malas do planalto
Assessor especial do presidente Lula envolvido com a compra do dossiê tucano era responsável pela segurança do ex-tesoureiro Delúbio Soares
Policarpo Junior

(...)

VEJA ouviu dois seguranças que trabalharam com Delúbio nesse período. Na presença de três testemunhas e antes da eclosão do escândalo do dossiê, eles disseram ter sido contratados pela empresa de Freud. Como são militares da ativa, tinham a segurança de Delúbio como "bico". Por isso, não havia registro em carteira. Os seguranças só concordaram em conversar na condição de não ter o nome revelado. Temem uma punição funcional. Cuidadosos, eles anotavam os roteiros percorridos. Há registro de encontros "sigilosos" de Delúbio com o presidente Lula em São Bernardo do Campo. O que mais chama atenção nas histórias narradas pelos seguranças, porém, é a presença quase constante de malas de dinheiro, o que se tornou um símbolo da atuação dos petistas no governo. Os seguranças contam que a comitiva do tesoureiro do PT se deslocava com freqüência ao Aeroporto de Congonhas para pegar e levar malas. Desconhecem o destino das que iam ou a origem das que chegavam, mas sempre havia uma mala para pegar ou levar ao aeroporto.

Os roteiros anotados mostram que na véspera da intervenção federal no Banco Santos a comitiva de Delúbio fez uma visita ao prédio. O tesoureiro permaneceu no banco por alguns minutos e voltou com uma mala. Embora não tenham examinado o conteúdo, os seguranças foram avisados de que estava cheia de dinheiro. Eles anotaram a operação como "transporte de dinheiro". É curioso que isso tenha acontecido. No horário da visita do tesoureiro, o banco já havia encerrado o atendimento aos clientes. Em outra operação, em vez de mala, o dinheiro andava em envelopes. Um dos seguranças contou que recebeu a missão de levar um envelope com dinheiro a um homem que aguardava na suíte de um hotel. A data, o hotel, o número do quarto estão anotados na agenda dos seguranças. Alguma semelhança com o escândalo da compra do dossiê? A diferença é que, nesse caso, ninguém foi preso. O esquema de segurança de Delúbio foi desativado por Freud depois do escândalo que revelou que "nosso Delúbio", como a ele ainda se refere o presidente Lula, era um trambiqueiro. Ele, suas malas e seu guarda-malas.

Fim de transcrição.
O que achei mais curioso é que tenha sido às vésperas da decretação da intervenção das autoridades de fiscalização no Banco Santos. Certamente tratou-se de "inside information" (talvez do Ministério da Fazenda) e o PT tratou de salvar algum dinheiro...
Curioso, indeed...