38) "70 por cento do Congresso pode ser comprado"
Acho que é apenas sincero, o chefe da máfia dos sanguessugas...
Do site Congresso em Foco, 31 de julho de 2006:
Vedoin: "70% do Congresso pode ser comprado"
Em depoimentos à CPI dos Sanguessugas, Darci Vedoin, Ronildo Pereira Medeiros e Ivo Spínola, acusados de participarem da máfia das ambulâncias, reforçaram as declarações já prestadas pelo empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin à Justiça Federal do Mato Grosso.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo de ontem (30), em três trechos do depoimento, Darci Vedoin declara que até 70% dos 513 deputados e dos 81 senadores são corruptíveis.
"Tem muitos deputados e muitos senadores - muitos - que são honestos. Mas tem 70%, que só faz o cargo dele para isso (corrupção)". Em outro trecho da gravação, o empresário dá a entender que usou o termo como força de expressão. "Não estou dizendo que é todo mundo. Quando eu falei que tem 70%, tomara que tenha só 10%. Tomara!".
Fraudes continuam
O dono da Frontal, empresa que forneceria equipamentos para ambulâncias, Ronildo Medeiros, declarou que esquemas fraudulentos de emendas ainda continuam sendo executados. "Se não vendêssemos, outros venderiam. Tanto é que hoje deve estar acontecendo a mesma coisa. Nós estamos fora do circuito, e está acontecendo da mesma forma", disse Ronildo.
Ronildo Medeiros preferiu não citar para a CPI os nomes das empresas. Disse que voltaria a falar sobre assunto somente no seu depoimento à Justiça. "Senador, eu posso até, na defesa, fazer isso", disse, referindo-se à revelação dos nomes das empresas que continuam operando.
Tanto Ronildo quanto Darci prestaram novos depoimentos à Justiça do Mato Grosso. Como Luiz Antonio já havia feito, os dois também fizeram acordo de delação premiada. Assim, têm direito à redução de pena por confessarem seus crimes e contarem tudo que sabem. A CPI deve receber os dois depoimentos entre amanhã e terça.
Em seu depoimento, Ivo Spínola disse que passou a participar do esquema para montar, na Bahia, uma empresa de carroceria de ônibus e que o grupo tentou viabilizar o projeto com financiamento do Banco do Nordeste.
Mensaleiros e sanguessugas enriquecem mais
O jornal Folha de S.Paulo trouxe na edição deste domingo (30) uma análise das declarações de bens dos congressistas acusados de participação nos escândalos do mensalão e dos sanguessugas. Segundo o jornal, o levantamento mostra que esse grupo teve uma evolução patrimonial maior durante o governo Lula do que nos últimos quatro anos da administração do tucano Fernando Henrique Cardoso.
O jornalista Fernando Rodrigues, que assinou a matéria, analisou os dados patrimoniais de 33 congressistas que estiveram presentes nas eleições de 1998, 2002 e 2006. De 1998 a 2002, informa o jornal, os mensaleiros e sanguessugas registraram um aumento médio de patrimônio da ordem de 28,6%. Já nos quatro anos seguintes, com Lula, a evolução pula para 136,9%.
Patrimônio de Vadão cresceu 810%
O deputado Vadão Gomes (PP-SP) registrou um crescimento patrimonial acima da média ao longo dos últimos períodos. Em 1998, Vadão declarou ter um patrimônio avaliado em R$ 3,929 milhões. Já em 2002, passou para R$ 7,140 milhões. Agora, está com R$ 35,781 milhões. Um crescimento de 403% num período de quatro anos e de 810% em oito anos.
Ainda segundo a matéria, mesmo quando se retira Vadão Gomes do cálculo, os mensaleiros e os sanguessugas mantêm um desempenho melhor durante os anos de Lula no poder do que no período de FHC. Com apenas 32 registros de congressistas acusados de envolvimento nos últimos escândalos, a evolução patrimonial de 1998 a 2002 foi de 15%. Sob Lula, os mesmos políticos aumentaram seus bens em 31,7%.
Suspeitos da máfia das ambulâncias dobram patrimônio
Levantamento realizado pelo jornal mostra ainda que dois em cada cinco suspeitos da máfia das ambulâncias dobraram de patrimônio. Nas declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral pelos 90 parlamentares notificados pela CPI dos Sanguessugas cerca de 40% dobraram de patrimônio nestes últimos quatro anos.
De acordo com a reportagem, o campeão de crescimento patrimonial é o deputado Irapuan Teixeira (PP-SP), que aumentou seu patrimônio em 2.371% no período. No entanto, o mais rico é o gaúcho Érico Ribeiro (PP-RS), com ações e propriedades que somam R$ 37,2 milhões, seguido de perto pelo ex-deputado paraibano Ricardo Rique (PL-PB), que possui R$ 34,6 milhões e é suplente de deputado.
Depois de Irapuan, informa o jornal, as maiores variações percentuais de patrimônio são registradas pelo deputado Coronel Alves (PL-AP), que multiplicou por dez seus R$ 42 mil de 2002, e Jorge Pinheiro (PL-DF), que declarou possuir bens com valor 719%maior em 2006.
Acusado de receber R$ 200 mil em propina da empresa Planam, o deputado Cabo Júlio (PMDB-MG) tinha apenas dois imóveis em 2002, totalizando R$ 113 mil. Quatro anos depois, aumentou em cinco vezes seu patrimônio.
No Congresso, propostas contra corrupção não andam
Matéria do jornal O Globo deste domingo (30) mostra que desde 1993 tramitam no Congresso propostas que tentam impedir ou dificultar candidaturas ou a diplomação de políticos envolvidos em corrupção. Mas nem escândalos anteriores nem as denúncias contra os 90 parlamentares envolvidos no caso dos sanguessugas levaram os parlamentares a aprovar propostas nesse sentido.
Para evitar a posse de acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias, o líder do PDT na Câmara, deputado Miro Teixeira (RJ), fez uma consulta ao Tribunal Superior Eleitoral sobre a possibilidade de evitar a diplomação de candidatos contra os quais haja prova de corrupção.
Segundo ele, isso já está previsto na Constituição de 1988. Miro cita o parágrafo 10 do artigo 14 da Constituição. O problema, para ele, é que o texto estipula um prazo de 15 dias a partir do dia da diplomação onde pode ser impetrada ação tentando impedir a posse.
"Muitos podem iniciar uma ação desse tipo: partidos, o Ministério Público etc. O PDT está disposto, mas precisa ter as provas, e como colocar as mãos nas provas que estão em poder do STF? As provas estão sob sigilo legal, como eu faço? Posso entrar alegando que existem, estão em poder do STF, para não perder o prazo?", questiona Miro.
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim aprova a iniciativa. "É uma consulta inteligente porque tenta preparar espaço para a impugnação do diploma dos que foram eleitos e contra os quais haja prova".
De acordo com a matéria, a iniciativa de Miro é vista por alguns ministros como uma tentativa de jogar sobre o Judiciário uma responsabilidade que eles entendem ser do Congresso: julgar e cassar os envolvidos.
ATUALIZADA EM: 30/07/2006
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